Que me perdoem
os vanguardistas e os moderninhos
Os punks e os góticos
Os downs e os undergrounds
Não tenho vocação
Nem pra rebeldia
nem pra depressão
Eu visto rosa e tomo sol
Não vejo novela nem tomo coca-cola
Dou comida a quem tem fome
Mas não alimento
a exploração das dores do mundo
Onde houver o bem
Não haverá lugar para o mal
Acredito na paz
E ainda tenho esperança no homem
Minha revolta é subliminar
24 de fev de 2010
12 de fev de 2010
Ele não sabe
ele não sabe
que as flores têm olhos
e que os pássaros
rezam
ao pousar nos galhos
ele não sabe
que melancolia
é um remédio
prescrito aos poetas
cuja dose certa
são algumas gotas
sob a língua da alma
todas as noites
ele não sabe
do que está guardado
nos cofres do vento
e por que sorrio
quando um pequeno segredo
escapa
e passa por mim
sussurado
ele não sabe
nem nunca vai saber
que os olhares contam histórias
que as mãos
foram feitas
para libertar
o amor
que há no coração
que a dor
do outro
é um nó
que não consigo desatar
e me sufoca
e que a poesia
está em cada
música
que eu respiro
em cada palavra
que aparece
no céu
e está colada
em mim
como o silêncio
Helenice Priedols
que as flores têm olhos
e que os pássaros
rezam
ao pousar nos galhos
ele não sabe
que melancolia
é um remédio
prescrito aos poetas
cuja dose certa
são algumas gotas
sob a língua da alma
todas as noites
ele não sabe
do que está guardado
nos cofres do vento
e por que sorrio
quando um pequeno segredo
escapa
e passa por mim
sussurado
ele não sabe
nem nunca vai saber
que os olhares contam histórias
que as mãos
foram feitas
para libertar
o amor
que há no coração
que a dor
do outro
é um nó
que não consigo desatar
e me sufoca
e que a poesia
está em cada
música
que eu respiro
em cada palavra
que aparece
no céu
e está colada
em mim
como o silêncio
Helenice Priedols
10 de fev de 2010
Soneto de morte
Do velho coração se fez pedaços
Dos olhos lhe vertera amargo choro
Tornou-se sanguinário o ser canoro
Num vôo libertou-se dos cansaços
Que lhe impusera o dano dos acasos
Caído no chão clamando por socorro
Com a morte enrustida num Marlboro
Tão fiel companheiro de fracassos
Espera a morte em súbita manhã
Que se passam translúcidas na mente
A alma agastada berra provocando
A morte que lhe ficara complacente
Olhando-o lentamente se acabando
Na estúpida prisão da vida afã...
Dos olhos lhe vertera amargo choro
Tornou-se sanguinário o ser canoro
Num vôo libertou-se dos cansaços
Que lhe impusera o dano dos acasos
Caído no chão clamando por socorro
Com a morte enrustida num Marlboro
Tão fiel companheiro de fracassos
Espera a morte em súbita manhã
Que se passam translúcidas na mente
A alma agastada berra provocando
A morte que lhe ficara complacente
Olhando-o lentamente se acabando
Na estúpida prisão da vida afã...
Soneto de quase morte
Estrela por estrela foi caindo
Lentamente do céu o firmamento
Tornou-se o peito rijo tal cimento
Pelos pulsos em sangue se esvaindo
Pouco a pouco a razão ia lhe fugindo
Sutilmente findando o pensamento
Gota a gota se abranda o sofrimento
Partia meio chorando, meio rindo
De repente um socorro inesperado
E lhe trouxe de volta pro inferno
Devolvendo-lhe a vida e seu fado...
Prendido a cama pelo amor fraterno
Caminha agora só pelo prado
Na alvura da manhã de frescor terno
Lentamente do céu o firmamento
Tornou-se o peito rijo tal cimento
Pelos pulsos em sangue se esvaindo
Pouco a pouco a razão ia lhe fugindo
Sutilmente findando o pensamento
Gota a gota se abranda o sofrimento
Partia meio chorando, meio rindo
De repente um socorro inesperado
E lhe trouxe de volta pro inferno
Devolvendo-lhe a vida e seu fado...
Prendido a cama pelo amor fraterno
Caminha agora só pelo prado
Na alvura da manhã de frescor terno
Amor repreendido
Chove em mim velho sonho esquecido
Sobre o deserto atroz deste presente
Sigo o furor da hórrida corrente
De esquecimento sórdido banido
Do pórtico do amor que era sentido
Beber amor no cálice fervente
Do teu ventre e nele lentamente
Adormecer após ter compreendido
Por quem humanamente quer compreender
Em vão um sentimento por inteiro
Divino e se traduz em doce encanto
Absurdamente tenta em vão repreender
Por simples preconceito corriqueiro
Há de provar somente azedo pranto...
Sobre o deserto atroz deste presente
Sigo o furor da hórrida corrente
De esquecimento sórdido banido
Do pórtico do amor que era sentido
Beber amor no cálice fervente
Do teu ventre e nele lentamente
Adormecer após ter compreendido
Por quem humanamente quer compreender
Em vão um sentimento por inteiro
Divino e se traduz em doce encanto
Absurdamente tenta em vão repreender
Por simples preconceito corriqueiro
Há de provar somente azedo pranto...
Eternidade
Lembra-te flor dos olhos pactuados?
Dos olhares submissos de paixão?
Das promessas repletas de emoção?
Dos corpos no celeiro debruçados
Dos lábios levemente amordaçados
Do prazer derramado no colchão?
Lembra-te! Diz que lembra a mansidão
Dos fragores exóticos jorrados
Na união dos corpos numa loucura
Insensata à razão, sensata à alma!
Corpo sob corpo, límpida pintura...
Doce amor transformado em vida plena
Olhos cravados palma sobre palma
Ter que se despedir é dura pena...
Dos olhares submissos de paixão?
Das promessas repletas de emoção?
Dos corpos no celeiro debruçados
Dos lábios levemente amordaçados
Do prazer derramado no colchão?
Lembra-te! Diz que lembra a mansidão
Dos fragores exóticos jorrados
Na união dos corpos numa loucura
Insensata à razão, sensata à alma!
Corpo sob corpo, límpida pintura...
Doce amor transformado em vida plena
Olhos cravados palma sobre palma
Ter que se despedir é dura pena...
Esquecendo
Bate em mim coração já fadigado
Caminhando só vejo o mar ardente
E de mim mesmo vivo tão ausente
Já vivi no futuro e no passado...
Sigo por longas noites acordado,
Vou tentando silenciar a mente
E firme sigo olhando o sol nascente,
Dele ter um alento renegado
Por quem tanto gostava com firmeza
Deixa apenas pegadas esquecidas
Na areia se expungem amargamente
Em ondas solitárias de tristeza
Ventos sopram lembranças perecidas
Vão sumindo os vestígios lentamente...
Caminhando só vejo o mar ardente
E de mim mesmo vivo tão ausente
Já vivi no futuro e no passado...
Sigo por longas noites acordado,
Vou tentando silenciar a mente
E firme sigo olhando o sol nascente,
Dele ter um alento renegado
Por quem tanto gostava com firmeza
Deixa apenas pegadas esquecidas
Na areia se expungem amargamente
Em ondas solitárias de tristeza
Ventos sopram lembranças perecidas
Vão sumindo os vestígios lentamente...
Chuva de prazer
Ela abriu a porta e entrou calada
Fervendo, lentamente ela despiu-se
Num desejo ferino consumiu-se
Em doce suor pela madrugada
Os gemidos na pele arrepiada
Num aroma dócil aspergiu-se
E na mais branda chuva repartiu-se
Dos pés até a cabeça saciada
Num ar apaixonado dos amantes
Deleitavam-se em cândidos olhares
Ledos adormecem no mais gostoso
Sonho que acordarão mais radiantes
Que formam paraísos pelos ares
Formam eterno cálice formoso
Fervendo, lentamente ela despiu-se
Num desejo ferino consumiu-se
Em doce suor pela madrugada
Os gemidos na pele arrepiada
Num aroma dócil aspergiu-se
E na mais branda chuva repartiu-se
Dos pés até a cabeça saciada
Num ar apaixonado dos amantes
Deleitavam-se em cândidos olhares
Ledos adormecem no mais gostoso
Sonho que acordarão mais radiantes
Que formam paraísos pelos ares
Formam eterno cálice formoso
Vermelho travessura
Vi tu desabrochar tão lentamente,
As pétalas repletas de candura
Pintadas de vermelho travessura...
E nos olhos flamava amor ingente,
Despertava o vulcão incandescente
Pela cama vertendo terna alvura
Corpos formando uma só moldura
Amoleceu quem era resistente
Num suspiro me deu sua pureza
Vou bebendo do cálice sagrado
Do teu ventre branda castidade
Ó flor hoje atingiste apraz idade
No cândido lençol de amor manchado
Vou navegando nessa correnteza...
As pétalas repletas de candura
Pintadas de vermelho travessura...
E nos olhos flamava amor ingente,
Despertava o vulcão incandescente
Pela cama vertendo terna alvura
Corpos formando uma só moldura
Amoleceu quem era resistente
Num suspiro me deu sua pureza
Vou bebendo do cálice sagrado
Do teu ventre branda castidade
Ó flor hoje atingiste apraz idade
No cândido lençol de amor manchado
Vou navegando nessa correnteza...
9 de fev de 2010
Amor de passagem
Ela vem num caminhar tão marcante
Os seios envolvidos num anseio
Plantando em meus olhos um enleio
Ante toda beleza petulante,
E ela vem caminhando confiante
Sabendo que num só olhar incendeio
Soberana resiste o galanteio
Deixando-a ainda mais inebriante...
E num sentir voraz quase devasso
Todo meu corpo vai se corroendo...
Num encontro soprado pelo acaso
De amor inofensivo vou morrendo
Num só tempo e num único espaço
Nas alíneas da vida se perdendo...
Os seios envolvidos num anseio
Plantando em meus olhos um enleio
Ante toda beleza petulante,
E ela vem caminhando confiante
Sabendo que num só olhar incendeio
Soberana resiste o galanteio
Deixando-a ainda mais inebriante...
E num sentir voraz quase devasso
Todo meu corpo vai se corroendo...
Num encontro soprado pelo acaso
De amor inofensivo vou morrendo
Num só tempo e num único espaço
Nas alíneas da vida se perdendo...
Soneto de amor eterno
Deixara sobre a face fenecida
A última rubra rosa do jardim
Perfumou-a com essências de jasmim,
Enfeitando onde jaz adormecida
Sua eterna amante (a flor florida)
Poderia ter tamanho amor assim
Que nem a morte pode dar um fim
Ela é estrela apraz no céu fulgida
Ele habita a terra com pesar...
Apenas esperando para partir
Ao encontro de sua rosa amada
Toda manhã se senta para olhar
Sua flor preferida reflorir,
Nela tem sua dor acalentada!...
A última rubra rosa do jardim
Perfumou-a com essências de jasmim,
Enfeitando onde jaz adormecida
Sua eterna amante (a flor florida)
Poderia ter tamanho amor assim
Que nem a morte pode dar um fim
Ela é estrela apraz no céu fulgida
Ele habita a terra com pesar...
Apenas esperando para partir
Ao encontro de sua rosa amada
Toda manhã se senta para olhar
Sua flor preferida reflorir,
Nela tem sua dor acalentada!...
Soneto de amor selvagem
Só pra ti minha deusa de primores
Minha boca amordaço e me flagelo
Dou-te meu tesouro tão singelo
Quero só para mim teus sabores
Ventos se enleiam, cantam mil louvores!
Bailam teus cabelos com desvelo
Teus ardores rompem todo gelo
Deste meu deserto de horrores...
Sim teus rubros lábios deleitosos,
Ó belo olhar celeste esverdeado!
Convidam a prazeres amorosos...
Caio entregue a vós arrebatado
Adormecido em teus seios formosos...
Por carícias selvagens arranhado!...
Minha boca amordaço e me flagelo
Dou-te meu tesouro tão singelo
Quero só para mim teus sabores
Ventos se enleiam, cantam mil louvores!
Bailam teus cabelos com desvelo
Teus ardores rompem todo gelo
Deste meu deserto de horrores...
Sim teus rubros lábios deleitosos,
Ó belo olhar celeste esverdeado!
Convidam a prazeres amorosos...
Caio entregue a vós arrebatado
Adormecido em teus seios formosos...
Por carícias selvagens arranhado!...
Eterno viajante
Ó vãos dias de horas seculares
E que por estas terras vivo errante
Vou indo pelo prado verdejante
Ardendo de prazeres e pesares...
Sou barco velejando pelos mares,
Vai teu cais ficando mais distante,
Um coração pirata palpitante
De cais em cais, (centenas de milhares)
Já cansado da eterna caminhada
Quer reencontrar o velho cais seguro
Para nele fazer sua morada
Que já fora tragado totalmente
Pela fúria do mar num véu escuro
Detém o navegante eternamente...
E que por estas terras vivo errante
Vou indo pelo prado verdejante
Ardendo de prazeres e pesares...
Sou barco velejando pelos mares,
Vai teu cais ficando mais distante,
Um coração pirata palpitante
De cais em cais, (centenas de milhares)
Já cansado da eterna caminhada
Quer reencontrar o velho cais seguro
Para nele fazer sua morada
Que já fora tragado totalmente
Pela fúria do mar num véu escuro
Detém o navegante eternamente...
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