de ti guardei os gestos vagos
os lábios semicerrados
os olhos baixos
nas flores que pendem do vaso, murchas
pesam tuas escusas
tentei equilibrar-me
no quase amor sustenido
cavei sentimentos onde não havia escolhas
restaram-me bolhas nas mãos
e uma cova repleta de vinho e lágrimas
único oásis no deserto deste áspero tapete
sob a pele ainda queimam cicatrizes
em todos os matizes da dor
de ti guardei os gestos vagos
e esta palavra 'quase'
dependurada no lustre
gotejando na torneira
fazendo sombra na minha vida
espero as novas estações
quem sabe uma reinvenção do corpo
ou então uma inversão do olhar
por via das dúvidas
deixo teu prato e garfo sobre a mesa
Helenice Priedols
(arte de Ariel Gulluni)
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