30 de out de 2011
3ªOficina - 4ªrodada - Folhas do cerrado
Folhas do cerrado
Tudo aconteceu numa viagem ao cerrado,
de onde eu guardo uma folhagem seca num vaso,
ao lado de minha cama.
Vida e morte se embaralham nessas folhas:
signos de um fim mas também de um recomeço,
no tropeço do acaso e do tempo que se abre para o novo,
nas folhas de papel que se quer poema e chama.
Poesia e vida se irmanam nessa morte −
Morte, de onde a centelha criativa germina.
E no furo do tempo que essa folha origina,
prevalece o fuso insistente da hora inexata
na fresta do dia que se faz mais dia
resgatando a noite que se quer inquieta
e que objeta o marasmo embora dele se nutra.
Lubracadene
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Considerações: Mailton Rangel
ResponderExcluirRima homofônica em que a sintonia se dá com elementos de estrofes distintas, sempre se enriquece e agrada. O poema do Wasil, “Tarefa Inglória” é ótimo exemplo disso. Portanto, aqui, essa boa escolha associada à coerente irreverência (disparidade) dos versos tornam o “Folhas do Cerrado” muito sonoro e agradável. No entanto, por uma questão de obviedade, esse fraco título deveria ser mudado, enquanto que os dois primeiros versos da primeira estrofe, suprimidos; pois, um poema com imagens tão bonitas não merece o simplismo daquelas duas linhas, que, afinal, só lhe ‘queimam’ o brilho e as surpresas semânticas.
Portanto, se ele começasse na forma que exemplifico abaixo eu gostaria mais ainda, especialmente em razão da primorosa sonoridade obtida com o termo intermediário “cama”, do 1º verso e a palavra “chama”, que, bem distanciada daquela, finaliza a estrofe:
“Ao lado de minha cama, num vaso,
Vida e morte se embaralham nessas folhas (...)”
signos de um fim mas também de um recomeço,
no tropeço do acaso e do tempo que se abre para o novo,
nas folhas de papel que se quer poema e chama.
Nota: 4,1
"Folhas do cerrado" trouxe um dejá-vu na primeira estrofe: a mesma imagem utilizada no poema "O silêncio do vaso lilás",do mesmo autor. Senão, vejamos:
ResponderExcluirTudo aconteceu numa viagem ao cerrado,
de onde eu guardo uma folhagem seca num vaso,
ao lado de minha cama...(Folhas do cerrado)
e o similar
A folhagem seca do cerrado
me olha de dentro do vaso lilás,
envidraçada e quieta,
ao lado da cama...(O silêncio do vaso lilás)
Tirando este pequeno deslize, imperceptível para quem não comparar os dois textos, o restante do poema contagia pela excelência sonora e imagética
sentida.
Nota: 4,0
Rogério Germani
Lubracadene
ResponderExcluirPerfeito!
Nota: 5,0
Dirce dos Santos
Tal qual o poema nos conduz, viajamos com o autor em suas divagações, onde tenta amarrar o título ao tema, sem grades êxitos. Tem boa idéia, mas nem tão clara.
ResponderExcluirNota: 3,8