RECUERDO CALIENTE Fez-se o solo intumescido, Fertilizando sementes; E elevaram-se imponentes Como guardas perfilados; E os tenros botões dourados Transmutaram-se em pingentes: De verde em rubro “caliente” De frutos já sazonados. Há neste simples recuerdo, Cultivado com esmero Não apenas um tempero Para aguçar paladares; Notarás, ao degustares, Que a vida requer prudência, Mas é soberba a existência Apesar de seus pesares. Sê comedido na ingesta; Bota tenência ao alarde Em excesso, a língua arde E o calorão atropela; Portanto, mantém cautela E sorve de vagarinho Gelados, água ou vinho Pra refrescar a goela. Se por ventura a estirpe For ferida no seu brio, Não é qualquer desafio Que um índio macho rejeita: “Prende o dente” e te deleita, Mas cuida que não te traia Uma lágrima que caia E a bravura ser desfeita. Convém destacar ainda Que, dentre seus componentes, Há valiosos nutrientes Ao fluxo circulatório; E, é público e notório, Assim prega a medicina Que ela também elimina Processos inflamatórios. As fronteiras se ampliaram Na mais recente pesquisa, E a ciência a preconiza No tratamento ao obeso, E não só reduz o peso: Colesterol também cede, E o benefício procede Se quiser ficar reteso. Seria dedo-de-moça, Se não fosse a transgenia, E até parece ironia, Mas é a mais pura verdade; Quem sabe esta variedade Cujo nome desconheço Batiza-se pelo apreço De pimenta da amizade. Inspirou-me o jardineiro Com o lavor que o deleita; E ao proceder à colheita Cada fruto o gratifica; E jubiloso o dedica Aos amigos, com estima E num gesto que o sublima Quem divide, multiplica. Jorge Moraes |
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